Sempre quis saber o que significa a palavra genuíno, além do sentido estrito da palavra: 1-Sem mistura nem alteração; puro; 2-Próprio, natural; legítimo.
E mesmo sem dar-me por mim nesta busca, durante anos a fio, estou a trilhar um caminho para apreender o real significado desta palavra.
Afinal, o que é sentir genuinamente? Deve ser algo que as palavras não descrevem, ou seja, um vocábulo que apenas a experiência individual poderá explicar o sentido. Talvez o significado possa estar perdido em algum limbo entre as preposições filosóficas de um pensador e as fórmulas de um cientista. Acredito que possa estar presente no estado meditativo, seja ele de que forma for.
Genuinamente larissiana, tenho conseguido adjetivar o meu lar deambulante.
De uma forma nada sutil, eu diria até que muito intensa, com a influência dos astros detonando a criatura. Devo dizer que uma escorpiana com ascendente em Escorpião realmente precisa buscar o seu eixo. É um caso sério, talvez não chega a ser inspiração para um filme do Quentin Tarantino. Mas pode ser, tranquilamente, para uma película do Almodóvar.
Tenho perseguido uma forma mais genuína de ser e estar neste mundo. Tenho consciência de que esta busca é individual. Uma longa aventura apenas a começar.
Algumas vezes esta aventura se perde entre discursos vazios, cheios de pretensas verdades e certezas sobre a vida. Entre tantas pessoas que vestem mais máscaras do que suportam representar, com grandes papéis e alguns dramas estúpidos, esquecendo-se de quem são de fato, eu apenas tenho feito de conta que sou. Às vezes penso que há alguns grandes adultos que são pequenos imaturos, tão viciados que estão em argumentos pseudo-intelectuais, extremamente críticos, alguns rancorosos, outros narcisos, todos genuinamente gente.
Muitas vezes a máscara cai, perde-se em meio ao Carnaval, e o folião acaba por deparar-se com a potencialidade máxima de que é no presente.
Ser genuíno implica ser natural, o vir-a-ser, talvez cíclico, daquilo que se é. Assumir-se enquanto um ser repleto de limitações tais quais todos os outros seres.
Buscar um ideal pode ser sinônimo de uma eterna corrida atrás do seu próprio rabo, uma grande frustração sem fim. Há quem passe metade da sua vida reproduzindo alguns modelos herdados, com a convicção de algum dia encontrará alguma razão linear para explicar os acontecimentos da vida. Grande ilusão.
Eu apenas quero deixar-me ir, a deambular, e procuro observar estes movimentos que levam-me e trazem-me ao meu centro. Porventura levam-me para bem longe, para onde eu jamais imaginaria chegar, para que eu possa retornar novamente, como uma corrente do mar.
O cerne de quem sou está refletido no espelho do Universo e este faz parte de mim e vice-versa.
Sinto-me feliz e segura por compreender que o eixo de tudo está dentro de mim e carrego essa força comigo sempre. Poderei acessá-la milhares de vezes, quando desejar estar em paz genuinamente.
Nem sempre lembro disto e talvez não seja à toa que volto a escrever neste espaço público, neste sítio sagrado onde é possível viver literariamente. Prometo voltar mais vezes...
Fotografia: Jardim Zoológico de Lisboa
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