Vou assumir minha condição etérea, não quero ater-me mais a necessidades vis.
De repente, não sinto mais o amargo na boca deste desespero de existir.
Contenho apenas uma parte de mim, num plano metafísico.
Assumo apenas esta condição, porque o resto... é o resto.
Este corpo exige-me muito mais do que eu posso. Não posso. Não quero. Não mais.
E se existisse outro corpo, além deste?
Ardo, numa escritura selvagem que exala enxofre.
Não há nada além deste limite. De tudo o que um dia deixei de ser.
Não existe nada.
Talvez ainda vejo ao fundo um retrato no espelho. Resta apenas um porta-retrato empoeirado, esquecido num canto da sala.
Não há mais condição física em deixar de ser. Esquecer-se de ser, por um segundo apenas. Um suspiro eterno...um segundo no mundo... um minuto de silêncio.