19/10/2013

Nasce uma autora



"E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende. Atendo a tudo sonhando sempre;(…)" (Fernando Pessoa, in "Livro do Desassossego")


Era um vez uma guria que nasceu em uma cidadezinha pequena, no interior do Rio Grande do Sul, chamada Sobradinho. Cresceu e foi pra Capital. Lia muitas histórias. Os livros, aliás, eram o seu alimento primordial. Entretanto, também vivia muitas histórias.
Depois de alguns anos, aprendeu a hora certa para ouvir e contar. Ainda mais difícil foi o tempo de silenciar. Das histórias que ouviu, leu e daquelas que inventou pra si mesma... Dos romances que viveu, dos contos que a fizeram crescer, das crônicas que escreveu, do teatro tragicômico da vida que a amadureceu…pode-se dizer que, enfim, desaprendeu alguma coisa.
O presente é tudo o que temos, somos seres especiais se amarmos uns aos outros, nossos sonhos são possíveis, encarando a vida com o sentimento de "potência" do qual fala o filósofo Nietzche.
Com realismo, mas sem perder a criança criativa que vive dentro da gente.

De sobradinho em sobradinho, a guria ganhou o mundo. Dizem que as histórias tem início, meio e fim. Do início tem saudades, do meio vive simplesmente, do resto não tem certeza. Isso a amedronta, muitas vezes, entretanto, desafia-lhe a ser cada vez melhor. Nada a desconcerta mais do que ter o pasmo essencial de que nasceu hoje mesmo. Porque a guria considera-se eterna aprendiz do mundo. A eterna novidade do mundo, do Alberto Caeiro, inspira-lhe a sentir-se assim, nascida a cada momento com seu olhar nítido de girassol.
Ela acredita que todas as histórias são importantes e merecem nossa atenção, mas apenas aquelas que valem a pena merecem nossa consideração. Porque a vida, afinal, imita a arte. Ou como diria Woddy Alen, a vida não imita a arte, imita a má televisão.

A guria transformou-se em mulher. Teve inúmeras surpresas pelos caminhos por onde andou. Aprendeu que as pessoas podem estar afinal em nosso coração e não do outro lado do oceano. Escreve e reescreve a existência, incessantemente, como se pudesse transformar a realidade em imaginário e vice-versa. Do lar criativo, contido em seu nome, nasceu uma autora: Larissa.

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