Falamos em terceira pessoa, pois
a necessidade de contar uma história sobre nós mesmos, ou seja, de “literalizar”
a vida, é recorrente. Queremos contar para onde vamos e o que
temos feito, como se o preâmbulo de nossas histórias pudesse interessar a toda
gente. Todos têm histórias para contar,
basta acessar a imaginação e deixar a escrita tomar forma. O mundo virtual
possibilita que as pessoas assumam perfis, encontrem-se em meio às estórias que
contam sobre si mesmas. Também possibilita exercitar o narcisismo, o egocentrismo,
além do puxa-saquismo, é claro.
Partimos, e
fazemos questão de reiterar que partimos, pois o cotidiano, aos olhos de quem
parte, não possibilita a novidade, não garante a viagem, não nos faz partir em
pensamentos, em desejos satisfeitos, em desafios instigantes. Basta exercitar o olhar e perceber o quanto
podemos partir e retornar, inúmeras vezes, em pensamentos, por meio da leitura,
da escrita, da meditação, da ação que nos remete ao que sentimos um dia, que
faz parte de quem somos e que nos permite algum aprendizado.
Existe a possibilidade
de partirmos e retornarmos, ao bel prazer, ao lermos um livro. #partiu
#leitura, uma boa forma de se conectar com a viagem de que tanto necessitamos.
Ao menos encontramos boas histórias, conhecemos novas culturas e sempre
ampliamos o nosso conhecimento.
Também é
possível fazer isso ao meditar, conectando-se com a sua essência natural, a
ausência de pensamentos, o vazio. Meditar possibilita limpar a mente de
pensamentos negativos, acalmar os sentidos, ouvir o coração, exercitar a
compaixão.
A futilidade que
dita a atualidade, a qual chamo de futilidade maldita, faz com que escrevamos
#partiu, como se estivéssemos gritando aos quatro ventos que “compramos” mais
uma experiência. Compramos mais do que somos. E contamos histórias mais do que
vivemos, porque a necessidade de contar, na atualidade, parece mais forte do que
viver. Falar, berrar, gritar, muitas vezes, ferir com palavras negativas têm
sido mais recorrente do que ouvir, ler, sentir. Fotografar o instante para vivê-lo depois, acessando as fotos. Quando vivemos intensamente,
partimos ao encontro do aprendizado, do olhar de quem observa.
Com a
simbologia da Páscoa, de morte e renascimento, podemos partir ao encontro de
quem fomos, de quem somos e de quem poderíamos ser. Podemos observar a possibilidade
de viver mais um dia com a vida que nasce com o nascer do sol. Precisamos de mais ovos
vazios para enchê-los com cri-cri, unidos, ao invés de ovos com brinquedos,
pois a ausência possibilita a criatividade. Nessa época, temos a oportunidade de resgatar o sentido de ter em mãos
um ovo vazio e poder preenchê-lo com sentimentos.