Obviamente somos todos diferentes, nascemos únicos. E quando
se nasce com a convicção dessa diferença? Tenho um filho de cinco anos que me
disse, dias atrás, que se sente uma criança diferente. Quando tinha exatamente
a idade dele também tinha esse discernimento. Essa revelação, da semelhança
(minha em relação a ele) e da diferença (dele e minha em relação aos outros),
bem como da continuidade a partir do outro, me fez pensar nos mistérios da
humanidade. Aquelas coisas que são do "além", e que, com
o passar do tempo, aprendi a não tentar decifrá-las.
Digo apenas que ser diferente tem um preço. Ao passo que
envelhecemos, esse preço torna-se mais difícil de ser pago. Olhar o
mundo e abraçar essa dor que emana dele é para quem está disposto em ouvir e
ressignificar a sua própria angústia.
"O Grito", de Edvard Munch, |
O preço que pagamos é de não sermos tão leves quanto aqueles
que estão cegos por ignorância ou vontade própria. Pagamos
também, coletivamente, por todos aqueles que fecharam os olhos e foram hipnotizados
pelos gozos fúteis das suas vidas repletas de coisas e vazias de
sentido. Seja feliz, coma, durma, acorde e trabalhe, mas haverá dias em
que precisarás escolher. A escolha envolve angústia, e essa última pode trazer-lhe
liberdade, mas antes terás de vivenciar os seus sintomas.
Vivemos num mundo líquido, veloz e angustiado. Pouco se fala disso, muito menos nos damos direito aos lutos que necessitamos. A melancolia não vende. Todo mundo está alegre nas redes sociais. Mas estamos mais para a indiferença.
Nada mais relevante, para mim ao menos, do que investigar a angústia e como ela pode ser vivenciada, talvez sofrida, porém necessária, para que possamos conhecer nossos limites e fazer ficção sobre nós mesmos. “Conhece-te a ti mesmo” nunca esteve tão em alta, porém essa proposição revela em sua gênese a angústia.
Para ressignificarmos a angústia, pois angústia é sempre um estado de espírito diante de ..., sentimento que não mente, enrola a fala. Ela substancia todos as nossas grandes escolhas. Estar diante de tantas possibilidades, passando pela dor e pelo sofrimento de estarmos conscientes de quem somos, e decidirmos. Vivenciamos a angústia, como a a consciência de si mesmo. Essa consciência do ser-aí dimensiona-se por meio da diferença, do exercício de alteridade em relação ao outro. Para entender esse processo, pode ser interessante escrever sobre ele... é o que estou fazendo nessa crônica.
Ser diferente passa por ter vivenciado diversos ciclos, de angústias e renascimentos. Poucas pessoas estão dispostas a pagá-lo. Não é bom nem ruim, apenas é....a angústia traduz a liberdade da existência que contamina o ser em geral, diz Sartre. A angústia é a abertura para o mundo, dizia Heidegger.
Nada mais relevante, para mim ao menos, do que investigar a angústia e como ela pode ser vivenciada, talvez sofrida, porém necessária, para que possamos conhecer nossos limites e fazer ficção sobre nós mesmos. “Conhece-te a ti mesmo” nunca esteve tão em alta, porém essa proposição revela em sua gênese a angústia.
Para ressignificarmos a angústia, pois angústia é sempre um estado de espírito diante de ..., sentimento que não mente, enrola a fala. Ela substancia todos as nossas grandes escolhas. Estar diante de tantas possibilidades, passando pela dor e pelo sofrimento de estarmos conscientes de quem somos, e decidirmos. Vivenciamos a angústia, como a a consciência de si mesmo. Essa consciência do ser-aí dimensiona-se por meio da diferença, do exercício de alteridade em relação ao outro. Para entender esse processo, pode ser interessante escrever sobre ele... é o que estou fazendo nessa crônica.
Ser diferente passa por ter vivenciado diversos ciclos, de angústias e renascimentos. Poucas pessoas estão dispostas a pagá-lo. Não é bom nem ruim, apenas é....a angústia traduz a liberdade da existência que contamina o ser em geral, diz Sartre. A angústia é a abertura para o mundo, dizia Heidegger.