Viver
com simplicidade consiste em contentar-se com o simples, o essencial. É o que
fazem as pessoas que estão atentas ao consumo consciente. Entretanto, na
modernidade, parece que o básico tornou-se ingrediente indispensável e não
apenas o suficiente. A pergunta que sempre me persegue é a seguinte: precisamos
mesmo de tanto? Na urgência de consumir e de quem sabe nos tornarmos melhores
por fora e, para alguns, por dentro, precisamos sempre de mais. E nossos filhos
seguem a tendência. Festas de aniversário de arromba, brinquedos caros, roupas
de marca, material escolar cheio de frescuras, etc. A lista é imensa e acaba
por salgar o cotidiano dos pais, afim de pagar as ditas contas… A
conexão com as vivências prazerosas da infância tornou-se eventual, pois
insistimos em viver num mundo paralelo, talvez muito mais virtual e midiático
do que suportamos aguentar.
Uma
infância feliz tornou-se rara, pois estar conectado com a natureza, brincar até
cansar com os pais, comer a comida da vovó…, para a maioria, são momentos
raros. No meu tempo, de uma infância simples, vivida no interior, isso era
o básico que podia-se oferecer a uma criança. Pular do galpão, comer pão com
chimia, correr até cansar e voltar para casa fedendo a cocô de galinha, quanta
felicidade!
Passear
com o seu filho, tomar sol, inventar uma brincadeira com um pedaço de pau ou
sementes de uma árvore, exercitar a sua imaginação, ler um livro por menos uns
10 minutos antes de dormir. Conversar, sentar-se à mesa em família e comer. Sem
televisores ligados, celulares ou quaisquer conexões com redes sociais. Parece
difícil? Hoje em dia é cada um no seu universo, sem uma conversa ou um olhar
sequer, é assim que muitas famílias vivem, ou sobrevivem.
Escolhi
um caminho diferente. A minha família, embora pequena, ainda senta-se unida à
mesa para comer. Mesmo que não tenha planejado, acabei retornando ao lugar onde
tive uma infância feliz, com árvores, pessoas e bichos, convivendo em harmonia.
Aos finais de semana, nosso mundo resumia-se a explorar os recantos da chácara,
andar por entre os eucaliptos dos vizinhos, fazer piquenique, inventar
brincadeiras e deixar-se levar ao sabor do tempo, deixar as horas passarem
devagarinho. Dentre algumas recomendações da minha mãe, como pôr um casaco e
cuidar para não ser picada por uma cobra, a única que realmente levávamos em
conta era chegar em casa antes de anoitecer. Tão livres, tão soltos…e felizes,
por sermos simples. É o suficiente, o básico, aquilo que nos faz felizes.
Atualmente somos
escravos da tecnologia e muitas vezes desconectados do que realmente interessa.
Seja o que for que lhe fez bem na infância, experimente reconectar-se por meio
dos seus filhos, é uma experiência gratificante, além de "remoçar"
até o "vivente" mais "esgualepado" pelas agruras da
vida.