05/03/2013

O poder da infância


Viver com simplicidade consiste em contentar-se com o simples, o essencial. É o que fazem as pessoas que estão atentas ao consumo consciente. Entretanto, na modernidade, parece que o básico tornou-se ingrediente indispensável e não apenas o suficiente. A pergunta que sempre me persegue é a seguinte: precisamos mesmo de tanto? Na urgência de consumir e de quem sabe nos tornarmos melhores por fora e, para alguns, por dentro, precisamos sempre de mais. E nossos filhos seguem a tendência. Festas de aniversário de arromba, brinquedos caros, roupas de marca, material escolar cheio de frescuras, etc. A lista é imensa e acaba por salgar o cotidiano dos pais, afim de pagar as ditas contas… A conexão com as vivências prazerosas da infância tornou-se eventual, pois insistimos em viver num mundo paralelo, talvez muito mais virtual e midiático do que suportamos aguentar.
Uma infância feliz tornou-se rara, pois estar conectado com a natureza, brincar até cansar com os pais, comer a comida da vovó…, para a maioria, são momentos raros. No meu tempo, de uma infância simples, vivida no interior, isso era o básico que podia-se oferecer a uma criança. Pular do galpão, comer pão com chimia, correr até cansar e voltar para casa fedendo a cocô de galinha, quanta felicidade!
Passear com o seu filho, tomar sol, inventar uma brincadeira com um pedaço de pau ou sementes de uma árvore, exercitar a sua imaginação, ler um livro por menos uns 10 minutos antes de dormir. Conversar, sentar-se à mesa em família e comer. Sem televisores ligados, celulares ou quaisquer conexões com redes sociais. Parece difícil? Hoje em dia é cada um no seu universo, sem uma conversa ou um olhar sequer, é assim que muitas famílias vivem, ou sobrevivem.
Escolhi um caminho diferente. A minha família, embora pequena, ainda senta-se unida à mesa para comer. Mesmo que não tenha planejado, acabei retornando ao lugar onde tive uma infância feliz, com árvores, pessoas e bichos, convivendo em harmonia. Aos finais de semana, nosso mundo resumia-se a explorar os recantos da chácara, andar por entre os eucaliptos dos vizinhos, fazer piquenique, inventar brincadeiras e deixar-se levar ao sabor do tempo, deixar as horas passarem devagarinho. Dentre algumas recomendações da minha mãe, como pôr um casaco e cuidar para não ser picada por uma cobra, a única que realmente levávamos em conta era chegar em casa antes de anoitecer. Tão livres, tão soltos…e felizes, por sermos simples. É o suficiente, o básico, aquilo que nos faz felizes.
Atualmente somos escravos da tecnologia e muitas vezes desconectados do que realmente interessa. Seja o que for que lhe fez bem na infância, experimente reconectar-se por meio dos seus filhos, é uma experiência gratificante, além de "remoçar" até o "vivente" mais "esgualepado" pelas agruras da vida.



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