Abraçar o mundo no início de cada
dia. É como se um domingo fosse o dia ideal para se nascer de novo. Pois a cada
dia que o sol nos brinda com a sua luz, mesmo tênue, temos a oportunidade de
renascer. Temos, diariamente, a energia que nutrimos. E nada como um dia após o
outro, para termos a lucidez de que existe mais uma oportunidade de sermos, fazermos
e, sobretudo, de ouvirmos. Pois não há sinais imprecisos, não existe
oportunidade que passe mil vezes pela nossa frente. Se o anjo dorme, o som toca
e o fogo aquece, é agora o momento. Não há uma segunda chance para a escrita
existir.
Um dia eu acordei com vontade de
abraçar o mundo. A premissa de que o sol nascerá todos os dias, é o que me
alimenta para a possibilidade de um dia ainda poder escrever um livro,
alimentar mais dúvidas filosóficas, conversar com gente instigante, plantar
árvores com o meu filho e ensiná-lo a apreciar o sol nascer.
O que me alimenta é o alimento do
espírito. E, além do corpo e da matéria, que necessita de alimento e aquecimento
neste frio, prevalece um espírito inquieto, com seus afazeres domésticos à
espera, que dedica o seu tempo, a sua alma e sua inspiração, a um
agradecimento, pela possibilidade de abraçar o dia e aceitar o que não pode ser
mudado e viver a meditação diária de existir.
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