20/08/2013

Sobre a impermanência



Abraçar o mundo no início de cada dia. É como se um domingo fosse o dia ideal para se nascer de novo. Pois a cada dia que o sol nos brinda com a sua luz, mesmo tênue, temos a oportunidade de renascer. Temos, diariamente, a energia que nutrimos. E nada como um dia após o outro, para termos a lucidez de que existe mais uma oportunidade de sermos, fazermos e, sobretudo, de ouvirmos. Pois não há sinais imprecisos, não existe oportunidade que passe mil vezes pela nossa frente. Se o anjo dorme, o som toca e o fogo aquece, é agora o momento. Não há uma segunda chance para a escrita existir.
Um dia eu acordei com vontade de abraçar o mundo. A premissa de que o sol nascerá todos os dias, é o que me alimenta para a possibilidade de um dia ainda poder escrever um livro, alimentar mais dúvidas filosóficas, conversar com gente instigante, plantar árvores com o meu filho e ensiná-lo a apreciar o sol nascer.
O que me alimenta é o alimento do espírito. E, além do corpo e da matéria, que necessita de alimento e aquecimento neste frio, prevalece um espírito inquieto, com seus afazeres domésticos à espera, que dedica o seu tempo, a sua alma e sua inspiração, a um agradecimento, pela possibilidade de abraçar o dia e aceitar o que não pode ser mudado e viver a meditação diária de existir.

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